INTRODUÇÂO – o último da serie
em que nosso BLOG foca como partidos temáticos trata dos partidos
ambientalistas, ou Ecologistas, ditos Verdes e tambem dos Partidos Piratas, nascidos nas
questões advindas da tecnologia e seu uso público. Também focamos rapidamente
na questão dos partidos religiosos, e outros temas nos quais também se
organizam partidos em todo o mundo e que
refogem à questão ideológica, como os Partidos Direitistas, Nacionalistas,
Conservadores, Liberais, Libertarianos, Humanistas, Socialistas, ou
Social-Democratas, Centristas, Comunistas, Monarquistas, ou de outras
ideologias.
Os Partidos Verdes, ou
Ecologistas, são os partidos temáticos mais bem
sucedidos em todo o mundo. Muito embora a maior parte alinhe-se com a esquerda
tradicional, sua prioridade em objetivar as questões ambientais fez ter grupos
mais pragmáticos na disputa do poder, de clivagem mais centrista. As legendas
Verdes tiveram grande sucesso e penetração em toda a Europa, sendo muito ativas
na França, Alemanha, Escandinávia, mas também são presentes na Italia e Reino
Unido. Participam de dezenas de parlamentos na Europa, e presentes em algumas
coalizões governamentais. Nas Americas, tiveram mais sucesso na Colombia
(Aliança Verde), Mexico (Partido Verde Ecologista Mexicano) e no Brasil
(Partido Verde, fundado no Brasil por Alfredo Sirkys, e Fernando Gabeira) – e
tem atuação razoável nos EUA e Canadá; No pleito europeu de 2014, os Verdes
elegeram 50 representantes no Parlamento Europeu, com mais de 12 milhões de
votos. Hoje, estão presentes em quase todo o mundo, e organizados na comunidade
política “Global Greens”, fundado em 2001, e que em 2013 tinha 91 membros de
todo o mundo e 19 membros observadores.
Foto:
Deputado Penna, presidente nacional do Partido Verde brasileiro
Partido Pirata refere-se
aos PARTIDOS políticos que têm como bandeira a luta contra as atuais leis
de propriedade intelectual, industrial, copyrights e patentes, contra a
violação do direito de privacidade e defende o direito ao domínio
público, da promoção de práticas de copyleft, dos sistemas
operacionais abertos e livres e das práticas do compartilhamento. Os
Partidos Piratas também defendem os direitos civis, democracia direta,
compartilhamento livre de conhecimento, privacidade, anticorrupção e
transparência pública.
O primeiro Partido Pirata foi o
sueco Piratepartiet, fundado em 1 de Janeiro de 2006, sob a liderança de
Rickard Falkvinge. O nome do partido foi derivado de Piratbyrån. Os
membros do Piratbyrån são também os fundadores do The Pirate Bay,
famoso site indexador de torrents. Piratbyrån foi uma organização fundada para
se opor à lobbies do grupo antipirataria Antipiratbyrån. O rótulo
de "pirata", que tinha sido utilizado pelas indústrias de mídia e
cinema em campanhas contra a violação de direitos autorais, é, portanto, uma
reapropriação da palavra.
No mesmo ano de 2006,
organizaram-se os partidos piratas da Austria, e dos Estados Unidos (USPP).
Devido ao rápido crescimento de
popularidade dos Piratas suecos, o movimento se espalhou por dezenas de países,
onde diversos partidos piratas se organizam para defender pautas semelhantes.
Na Europa, o movimento ganhou mais força nos países escandinavos, mas
também vêm crescendo nos demais países, inclusive no Leste Europeu..
No Brasil, o movimento para a criação do Partido Pirata existe desde 2007, sem
no entanto, conquistar registro no TSE. Em Portugal, desde 2009, assim
como na Finlândia e no Reino Unido.
A partir de 2011, veio o
primeiro sucesso, com os 8,9% dos votos na eleição de Berlim, com os Piratas
elegendo 15 deputados no Parlamento Estadual. Em 2013, os Piratas receberam
pouco mais de 5,1% dos votos, elegendo 3 membros no parlamento da Islândia; em
2015, já era o maior partido do país, com mais de 23% dos votos e 15 cadeiras
no Althing, o parlamento nacional. No Parlamento Europeu, a primeira representação
(2 cadeiras) foi da Suécia, em 2009, e em 2014, foi eleito um representante
alemão (14 países participaram com chapas piratas), que se assentou junto à
Bancada Verde e de Esquerda. E finalmente, após um ótimo resultado nas
europeias, com pouco menos de 5% dos votos, o Partido Pirata Tcheco elegeu seu
primeiro representante para o parlamento, com pouco mais de 10% dos votos.
No pleito municipal tcheco de
2018, os Piratas obtiveram mais de 17% dos votos, sendo o segundo maior partido
da cidade, e em coalizão com Verdes e Democrata Cristãos, elegeram o prefeito
de Praga, Zdenek Hrib - elegeram tambem um senador, e em 2020, mantiveram 4% dos eleitores. Em 2018, os Piratas chegaram também ao Parlamento de
Luxemburgo, com duas cadeiras, e pouco mais de 6% dos votos.
Em 2010, representantes de 22
países formaram o Partido Pirata internacional (PPI), e em 2014, formaram o
Partido Pirata Europeu (PPEU), e também há outras organizações como os Piratas
Francofonos (Canadá, França, Costa do Marfim, Suíça,e Belgica), e os Piratas
Sem Fronteiras (aberto a personalidades e organizações, e não partidos).
Atualmente, há Partidos Piratas em pelo menos, 40 países do mundo.
Foto: Piratas Brasileiros...
OUTROS
PARTIDOS TEMÁTICOS
Há centenas de grupos
organizados em partidos políticos com temas menores ou diversos: vamos aqui
elencar alguns, por sua relevância ou para contribuir com o estudo. Temos, por
ex., o Partido registrado apenas no Estado de New York, denominado “Aluguel é
Muito Alto” (Rent is Too Damn Right), uma legenda de protesto, que participou
das eleições para prefeito de NY, e de governador do Estado, entre 2005 e 2010.
Há partidos de automobilistas (Grã-Bretanha, Austrália e Suíça), motociclistas, ou mesmo caçadores e pescadores (como na França e Austrália, o Shooters, Fishers and Farmers Party que tem representação em alguns conselhos estaduais, como em Victoria e Nova Gales do Sul).
Há uma variedade de partidos com temas diversos, como o da legalização da maconha: o Help End Marijuana Party, que perfaz a sigla HEMP (maconha, em inglês), tem registro como partido de nível federal na Austrália, assim como nos EUA, onde encontramos o Legal Marijuana Now, formado em 1998, em Nebraska, Minnesota, Colorado e Iowa. Em New Jersey, temos o NJ Legalize Marijuana Party, tambem desde 1998; em Vermont, o US Marijuana Party, desde 2002. O Canadá afinal conta com seu Marijuana Party em atividade, todos com apoio eleitoral mínimo.
Dentre os mais variados temas, destaco o centenário Partido da Proibição (Prohibition Party), existente nos EUA desde 1869, e que tem por objetivo a proibição do consumo de álcool e participa de quase todos os pleitos presidenciais há mais de 150 anos. Após 1948, sofreu forte declínio e sobrevive como uma curiosidade política até em seu próprio país.
Finalmente, há partidos simplesmente, religiosos – que não será objeto de estudo aqui, mas variam dos
Partidos Católicos nos século XIX e XX, que evoluíram para Partidos Democrata
Cristão, basicamente defendendo a doutrina social da Igreja Católica Romana,
com algumas dissidências progressistas, como o Partido Popular Social Cristiano
do Chile ou o Partido Progressista Social Cristiano da Nicarágua. Os Partidos
Democrata Cristãos chegaram a figurar em todo o mapa político da America Latina
e Europa, até mesmo Africa e Asia, com sucesso em países como o Chile, Itália,
Alemanha, e mais tarde na Espanha, Rep. Tcheca, Guatemala, El Salvador, onde
chegaram ao governo.
O mundo muçulmano também gerou
partidos islamitas ou religiosos, divididos em diversas facções
não-ideológicas, como os ligados à Irmandade Muçulmana, ou o Partido
Republicano Islâmico, no Irã xiita, de curta duração, ou a Frente de Salvação
Nacional argelina, colocada na ilegalidade. Finalmente, há partidos de
orientação salafita, no Egito e em quase todo o Oriente Médio, ou islamitas
moderados, como na Turquia de Erdogan, ou na Tunísia. Registre-se que no
Cambodja havia um partido budista liberal, e na Holanda partidos cristãos
ligados aos católicos e protestantes (igreja reformada holandesa).
foto: a Chanceler alemã angela Merkel, no congresso do CDU alemão (União Democrata Cristã, centro-direita), que governa junto com o CSU da Bavária (União Social Cristã, conservadora)
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