Nessa nova etapa da série em nosso blog, após examinar partidos basicamente formados em função do gênero (mulheres), faixa etária (idosos), ou preocupação com o meio ambiente (Verdes), vamos abordar os partidos formados em função de fazer sátira, colher votos de protesto, ou tentar conseguir notoriedade com humor, mesmo de gosto duvidoso ou zoar o sistema.
Tendo convivido com candidatos do gênero no Brasil, cujo exemplar mais bem sucedido é o deputado federal Tiririca, ex palhaço e comediante, com grande visibilidade na mídia brasileira em nível nacional, eleito e reeleito pelo PR em S. Paulo, com uma campanha claramente buscando o voto de protesto, e satírica ("voce sabe o que um deputado federal faz? nem eu", falava no pleito de 2014), e mesmo o pleito polarizado com a onda conservadora de 2018 não o fez perder, sendo reeleito, embora com menor votação, e participando de perto de candidaturas de protesto como o da Superzefa, aqui no Estado do Rio ("pelas criançA, pelos animal, superzefa federal, sete dois ovo e um pau - 7001"), fiquei curioso ao descobrir que em alguns países pelo mundo afora, sobretudo na Europa, possuem partidos satíricos. E que disputam regularmente os pleitos.
Inicialmente, o partido que possui a atividade mais longínqua no Reino Unido é o "Official Monster Raving Loone Party", de visual extravagante, propostas ridículas, como pintar de azul os penhascos brancos de Dover. Participa de todos os pleitos praticamente, com os mesmos candidatos, como seu fundador, o músico David Sutch (que se apresenta como "Lord Sutch") e outros com títulos irônicos e diferentes, desde 1983. Recentemente, ao lançar um candidato em eleição suplementar, em 2019, gerou uma campanha de gozação porque seu candidato ultrapassou o UKIP. afinal, o famoso partido britânico passou de pouco menos de 3,7 mil votos e candidatos em 12 distritos em 2017 para 24 distritos com candidatos e pouco mais de 9,7 mil votos, no pleito de 2019.
(FOTO) Líder do Official Monster Raving Loone Party....
Aliás, o Reino Unido é pródigo em gerar partidos excêntricos e com tom satírico, como já foi o caso do McGillicuddy Serious Party, que convidava os leitores do seu manifesto para escrever suas próprias idéias políticas, tomando por base que os integrantes do partido, sendo políticos, não iriam cumpri-las de qualquer maneira. Ainda neste país, entre outros divertidos, posso citar o Miss Great Britain Party, que disputou apenas o pleito de 2008, e lançou a miss britânica para o parlamento, sem sucesso, conseguindo apenas 0,3% dos votos em seu distrito.
O Partido dos Amantes de Cerveja na Polônia foi provavelmente o mais bem sucedido partido zoado, conseguindo dezesseis cadeiras na Sejm, o parlamento polonês (3.5% do total) nas eleições de 1991 (logo depois extinto - na Rep. Tcheca e na Belarus, outros partidos de igual nome duraram até 1998); Outros partidos, como o Monster Raving Loony Party, conseguiram cadeiras nos conselhos locais (eles tem apenas duas em toda a Grã-Bretanha em 2019). Mesmo quando não ganham, entretanto, esses partidos costumam pontuar melhor nas eleições do que partidos considerados sérios, causando consideráveis constrangimentos.
Mas a lista dos chamados partidos zoados ou "frívolos", é mundial: o Die Partei, que satiriza diversos aspectos da vida alemã, após votações que mal ultrapassaram 0,2% dos votos, cresceu e conquistou 1% dos votos em 2017, e conseguiu tambem uma cadeira no parlamento europeu, com o slogan "Pro Europa, Fora da Europa", se dizendo autocéticos, e fazendo propostas anticonstitucionais, como o fim do regime federal alemão. Na Hungria, o curioso partido "antianti imigração", o Partido do Cachorro com Gravata", que satiriza a classe política. Teve 1,7% para o parlamento, em 2018, e mais de 2% para o parlamento europeu; Já sem tanto sucesso, há o curioso Partido Anarquista Pogo, com propostas como o fim da polícia, das proibições, e criação de centros para o sexo.
Da mesma forma, o Canadá tambem tem seu partido satírico, o Rhinoceros Party, criado em 2006, reconstituindo um partido de igual nome, que funcionou entre 1963 e 1993, e que promete não cumprir nada que prometer. Esse Rhinoceros Party canadense original se dizia herdeiro espiritual do Cacareco, um rinoceronte do zoo paulista que obteve 100 mil votos para vereador em São Paulo, no pleito de 1959. O partido sueco Tomma Talande Stolar (Cadeira de Voz Vazia) foi formado com o objetivo de conquistar uma cadeira no parlamento para deixá-la vazia.
Da mesma forma, o Canadá tambem tem seu partido satírico, o Rhinoceros Party, criado em 2006, reconstituindo um partido de igual nome, que funcionou entre 1963 e 1993, e que promete não cumprir nada que prometer. Esse Rhinoceros Party canadense original se dizia herdeiro espiritual do Cacareco, um rinoceronte do zoo paulista que obteve 100 mil votos para vereador em São Paulo, no pleito de 1959. O partido sueco Tomma Talande Stolar (Cadeira de Voz Vazia) foi formado com o objetivo de conquistar uma cadeira no parlamento para deixá-la vazia.
Podemos citar ainda como marcantes o Deadly Serious Party australiano, o Bill and Ben Party neozelandês, e o partido de corte neoanarquista Rapaille, que ridicularizava o sistema democrático, já extintos, como em diversos países. o mais próximo disto no Brasil talvez foi o Partido Tancredista Nacional (PTN), fundado em 1985, homenagendo o então recem-falecido presidente Tancredo Neves, e que lançou o irreverente ator e compositor Carlos Imperial para a prefeitura do Rio de Janeiro ("Vai Dar Zebra").
Afinal, os integrantes destes partidos apelam para o humor, a irreverência, as propostas absurdas, para chamar a atenção, ganhar votos, e tem a crítica dos que entendem que eles atrapalham o regime democrático, que para os partidos satíricos, tem todos os defeitos e precisam ser confrontados desta forma. São tambem duramente criticados quando utilizam fundos públicos do Estado para fazer campanha, mas contrapõem alegando que não gastam mais do que qualquer partido "normal".
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