O conceito de Estado e do regime democrático liberal e parlamentar sempre se viram em permanente estado de questionamento e de reinvenção, sobretudo a partir do Século XX, com a ascensão dos totalitarismos de direita e esquerda, destacando-se o fascismo e seus derivados, em seu auge nos anos 30, e os regimes comunistas a partir de 1917 na Rússia, ampliando-se após a Segunda Grande Guerra Mundial.
Os avanços da rápida Revolução Tecnológica e Digital que emergiu no Mundo no fim do último século e continua sendo acelerada, trouxe uma crise de representação em níveis inimagináveis, fragilizando os parlamentos, partidos, sindicatos, igrejas, e por conseguinte, os parlamentos e até o Poder Judiciário, todos colocados na berlinda do escrutínio público digital.
Na política de quase todas as democracias ocidentais, os movimentos disruptivos ganharam força, e as propostas autoritárias e iliberais ganharam força, desfiando inclusive movimentos saudosistas autoritários, numa releitura falsa da historiografia. Não se consegue consenso para reformas e problemas graves, como a previdência, a segurança pública, as mudanças climáticas, ao passo que regimes autocráticos como a Arábia Saudita, Rússia e a China conseguem respostas rápidas e aplicabilidade, até pela concentração de poder político que ostentam. Sem contar com a ascensão política de Trump nos EUA, e de uma extrema direita eleitoralmente competitiva na Europa Ocidental.
O Brasil se encontra num momento político onde não há consensos, falta projeto político, e ativismo político estéril de sobra, em uma geração de energia sem direcionamento. O nosso congresso ainda tem algo de republicano no Senado, mas a Câmara dos Deputados se transformou numa gigantesca Câmara de Vereadores onde sobra a chantagem, o pragmatismo político oportunista, na velha troca de benesses e cargos, mas que avançou na manipulação do Orçamento Público numa proporção jamais dantes vista.
Apesar do Centrão, expressão maior deste Congresso e dos males parlamentares, a hipertrofia do STF, os problemas graves de infraestrutura, segurança pública, déficit no saneamento, e em outras áreas, o Brasil mantem sua democracia de forma resiliente, bons resultados macroeconômicos, e aparecimento de uma juventude mais interessada no processo político - porem sem faltar o ativismo e a movimentação das bases, e partidos políticos diversos, faltam projetos claros para fazer mobilizar a todos, mesmo que fossem projetos diferenciados.
Que se mirem mais nos programas e propostas viáveis, e não se aposte nos confrontos tóxicos e estéreis, nada programáticos; que se construa uma frente democrática, com as forças republicanas que tambem foquem no desenvolvimento social e econômico do país, com viés na proteção dos interesses nacionais, barrando os aventureiros extremistas, nos populismos demagógicos e movimentos autoritários que seduzem infelizmente, hoje, a muitos.
Apesar da grande vontade de muitos em participar, é necessário que os partidos, alem de reciclar suas práticas e programas, sejam inclusivos, tenham democracia interna e afaste-se as oligarquias que se perpetuam nas suas direções, que até passam de pai para filhos.
Um novo ciclo político se constrói, após a disrupção que se iniciou em nosso país em 2013. Mas tambem a oportunidade de aproveitar a imensa vontade de muitos de militar e construir mas que estão cansados na polarização tóxica e destrutiva, focando e direcionando-se para programas concretos, viáveis politica e economicamente. Ação, Democracia e Direção.
Vinicius Cordeiro
viniciuscordeiroadvogado@gmail.com
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